LIÇÃO 6 - A Mordomia da Adoração
3º Trimestre de 2019
ESBOÇO GERAL
I – O QUE É ADORAÇÃO
II – COMO ADORAR A DEUS
III – GESTOS E ATITUDES NA ADORAÇÃO A DEUS
II – COMO ADORAR A DEUS
III – GESTOS E ATITUDES NA ADORAÇÃO A DEUS
Elinaldo Renovato
A igreja local é uma comunidade de adoração a Deus. Nela, os salvos em Cristo Jesus unem-se e reúnem-se para render culto ao Rei dos reis e Senhor dos Senhores. No culto a Deus, sempre se destacou o papel da adoração como atitude de exaltação, de louvor e de gratidão pelas bênçãos derramadas sobre seu povo. No Antigo Testamento, o culto a Deus teve início nos primórdios do relacionamento do homem com seu Criador. De início, vemos que, ao desobedecer a voz de Deus, o primeiro casal perdeu uma excelente oportunidade de exaltar ao Criador, preferindo ouvir a voz estranha do maligno. A consequência foi a tragédia provocada pelo pecado ao longo dos séculos, resultado direto do afastamento do homem da presença de Deus.
Tempos depois da criação, quando Adão e Eva já tinham filhos, Caim, o primogênito, foi tentado a oferecer a Deus um culto que não lhe agradou, enquanto Abel, seu irmão, foi aceito por Deus ao oferecer um sacrifício aprovado pelo Senhor. Àquela altura, os irmãos certamente já tinham uma idade juvenil, pois um era agricultor, e o outro era voltado para a atividade pastoril (cf. Gn 4.2). Ambos ofereceram sacrifícios a Deus daquilo que consideravam o melhor de suas respectivas atividades. Deus aceitou a oferta de Abel, mas rejeitou a de Caim. Por isso, por amarga inveja do irmão, Caim matou Abel, cometendo o primeiro homicídio. Uma tragédia em meio à oferta de sacrifício ou de um culto a Deus (Gn 4.1-8).
O Senhor dá mais valor ao que está no coração do homem diante do altar do que para aquilo que ele oferece. Ele não aceitou o sacrifício ou o culto de Caim porque viu o seu interior e as intenções com que se apresentava diante de Deus. Diz o texto da primeira epístola de João, relativo ao episódio do primeiro homicídio: “Não como Caim, que era do maligno e matou a seu irmão. E por que causa o matou? Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas” (1 Jo 3.12). Caim foi movido por sentimentos maus contra seu justo irmão. Ele “era do maligno”, ou seja, não tinha comunhão com Deus; antes, seguia as propostas do Diabo em seu coração cheio de pecado. Em segundo lugar, o texto diz que “as suas obras eram más”, e ele teve inveja do seu irmão a ponto de matá-lo: “[...] Porque as suas obras eram más, e as de seu irmão, justas”. Deus não aceita falsa adoração e nem culto movido por sentimentos de interesse pessoal e carnal.
Quando o povo de Israel passou pelo Egito, o culto a Deus foi grandemente prejudicado. Com sua saída do Êxodo, o Tabernáculo, que Deus mandou construir, centralizou o culto divino. Tudo no Tabernáculo tinha sentido espiritual. Não havia cânticos ou música, mas, tempos depois, quando Davi foi rei em Israel, o culto teve marcante presença de louvor e adoração com música, além de instrumentos musicais dos mais diversos. Já com Salomão, o Templo em Jerusalém foi estabelecido como o lugar único e santificado para o culto a Deus. A adoração a Deus era desenvolvida com muita reverência e santidade tanto no Tabernáculo como no Templo em Jerusalém.
Infelizmente, porém, o povo de Israel, que era tão galardoado por Deus com tão grandes sinais, prodígios e maravilhas em sua história, deu lugar à desobediência e passou a oferecer um culto semelhante ao de Caim, ou seja, com sacrifícios certos, porém com motivação e sentimentos errados, além de misturar a adoração a Deus com culto a deuses estranhos, numa idolatria que provocou a ira de Deus. E o resultado disso foi o sofrimento, os juízos nos cativeiros pelos quais Israel passou na Assíria e em Babilônia. O culto foi praticamente interrompido. O livro de Salmos mostra-nos essa situação: “Junto aos rios da Babilônia nos assentamos e choramos, lembrando-nos de Sião. Nos salgueiros, que há no meio dela, penduramos as nossas harpas. Porquanto aqueles que nos levaram cativos nos pediam uma canção; e os que nos destruíram, que os alegrássemos, dizendo: Cantai-nos um dos cânticos de Sião. Mas como entoaremos o cântico do Senhor em terra estranha?” (Sl 137.1-4). No período pós-exílio, o culto a Deus voltou a ser realizado com Esdras e Neemias, que restauraram o Templo e a cidade.
No Novo Testamento, o culto a Deus continuou no Templo e nas sinagogas. No Antigo Testamento, a adoração era centralizada em Deus, pois não se conhecia a pessoa de Jesus Cristo e nem a ação poderosa e marcante do Espírito Santo na vida dos adoradores. No entanto, com a morte de Cristo, sua ascensão e a descida do Espírito Santo, podemos dizer que a adoração mudou tanto o foco quanto a forma de praticá-la. No AT, só se podia oferecer culto ou sacrifícios no Tabernáculo ou no Templo. No NT, Jesus trouxe outra forma mais profunda e espiritual de adoração. Ele disse à mulher de Samaria: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (Jo 4.23). Essa é a grande diferença do culto neotestamentário. A mordomia da adoração é realizada “em espírito e em verdade”, e não no ritualismo e no simbolismo do culto na Antiga Aliança.
Texto extraído da obra “Tempo, Bens e Talentos”, editada pela CPAD.
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