segunda-feira, 13 de maio de 2013

Lição 7 - 2º Trim. 2013 - Juvenis 15 a 17 anos.

Conteúdo adicional para as aulas de Lições Bíblicas

Subsídios para as lições do 2º Trimestre de 2013
O adolescente e seus relacionamentos
  • Lição 7- Estudar é preciso

    Texto Bíblico: Daniel 1.1-21; 2.46-48; 3.28-30

    Resgatando a mente cristã

    Por
    Valmir Nascimento

    “O chamado cristão não é somente para salvar almas, mas também para salvar mentes”, Nancy Pearcey

    Tempos atrás escrevi aqui [1] nesta coluna acerca do perigo do antiintelectualismo no meio evangélico. Agora, dando prosseguimento a esta temática, destaco que tal aversão ao trabalho da mente é provocada em grande parte pela ideia enganosa aceita por muitos (cristãos ou não) de que há uma dicotomia entre fé e razão , e que a vida deve ser dividida em dois grandes compartimentos, separando o espiritual do intelectual e o sagrado do secular.

    De acordo com essa crença dualista, o primeiro “compartimento” seria para expressar a religião (aspecto espiritual-privado-sagrado) e o outro para viver “a vida real” (aspecto intelectual-público-secular).

    A partir desse quadro é possível perceber algumas conseqüências trágicas advindas dessa dicotomia entre fé e razão. O mundo da religião deve se preocupar somente com coisas espirituais, tais como salvação e santidade, e pouco se importar com questões intelectuais, afinal, isso é assunto do “Mundo Real”. Além disso, “nossa vida se torna fraturada e fragmentada, com a fé firmemente trancada no âmbito particular da igreja e família, onde quase nunca tem a chance de instruir nossa vida e trabalho na esfera pública”.

    Essa dicotomia, contudo, nem sempre existiu dentro da igreja cristã. Os reformadores consideravam o envolvimento do cristão com a educação secular e com a cultura uma forma de atender a vontade divina. A melhor prova disso é que as primeiras universidades foram concebidas pelo cristianismo.

    Michael Horton [2] recorda que Martinho Lutero persuadiu o governo de sua época a proclamar a educação universitária compulsória tanto para meninas como para meninos pela primeira vez na história ocidental.

    Juntamente com seus auxiliares ele criou um sistema de educação pública na Alemanha, e exortava os professores a considerar a vocação para o ensino com o mesmo espírito com que considerariam o serviço de Deus na igreja. Em suas Ordinances (Ordenanças) de 1541, Lutero escreveu: “Desde que é necessário preparar as gerações futuras a fim de não deixar a igreja num deserto para os nossos filhos, é imperativo que se estabeleça uma instituição de ensino para se instruir os filhos e prepará-los tanto para o ministério como para o governo civil”.

    Igualmente, em A Verdade sobre o Cristianismo Dinesh D´Souza [3] apresenta este recorte histórico:

    “A era medieval na Europa viu a instituição da universidade, que teria um papel importante no desenvolvimento da ciência moderna. A princípio, os monges trabalhavam em mosteiros, dedicando-se incansavelmente ao resgate do conhecimento clássico destruído quando os bárbaros invadiram o império romano e espalharam o caos por todo o continente.

    Por vários séculos, os mosteiros foram as únicas instituições na Europa onde se adquiria, preservava e transmitia conhecimento”.

    “Então as igrejas começaram a construir escolas, primeiro fundamentais e depois secundárias. Por fim, aprimoraram-se até que, no século VII, as primeiras universidades foram fundadas em Bolonha e Paris. Oxford e Cambridge foram fundadas no início do século XIII, seguidas pelas universidades de Roma, Nápoles, Salamanca, Sevilha, Praga, Viena, Colônia e Heidelberg. Essas instituições talvez estivessem afiliadas à Igreja, mas sua administração e funcionamento eram independentes. O currículo era teológico e secular, de modo que o novo conhecimento científico dos tempos modernos poderia ser adaptado. Como mostra Alvin Schmidt, muitas das primeiras faculdades e universidades dos Estados Unidos – Harvard, o College of William and Mary, Yale, Northwestern, Princeton, Dartmouth, Browen – começaram como instituições cristãs” .

    O CRISTIANISMO E A CIÊNCIA
    Para além da criação das primeiras universidades, o Cristianismo contribuiu com a formulação das bases da ciência moderna, tanto que as maiores descobertas científicas foram, em grande parte, obra de cristãos .O pensamento de que o universo obedece a um conjunto de leis preestabelecidas e que o papel do cientista é exatamente desvendar estas leis, nasce exatamente da concepção cristã.

    De acordo com Dinesh D´Souza, “o Cristianismo revigorou a ideia de um cosmos ordenado ao imaginar o Universo como sustentado por Leis que incorporam a racionalidade de Deus, o criador”, defendendo que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, o que significa que existe uma centelha de razão divina no homem, separando-o das outras coisas e dando-lhe o poder especial de compreendê-las. “De acordo com o Cristianismo, a razão humana provém da inteligência divina que criou o Universo”.

    Tudo isso pode ser sintetizado nas palavras de C. S. Lewis: “Os homens se tornaram cientistas porque esperavam haver leis na natureza, e esperavam haver leis na natureza, porque acreditavam num legislador”.

    Baseado nessa convicção é que Francis Bacon (1561-1626), considerado por muitos como o pai da ciência moderna, ensinava que Deus nos fornece dois livros – o livro da natureza e a Bíblia – e que, para ser instruída de maneira correta, a pessoa deveria dedicar a mente ao estudo de ambos.

    Dentro dessa percepção, o professor de Oxford, John Lennox, em seu livro Por que a ciência não consegue enterrar Deus, anota que muitas das proeminentes figuras da ciência tinham o mesmo pensamento de Bacon.

    Homens como Galileu (1564-1642), Kepler (1571-1630), Pascal (1623-1662), Boyle (1627-1691), Newton (1642-1727), Faraday (1791-1867), Babbage (1791-1871), Mendel (1822-1879) eram teístas; em sua maioria eles eram, de fato, cristãos. Sua crença em Deus – acrescenta Lennox – “longe de ser um empecilho para a ciência, era muitas vezes a principal inspiração para ela, algo que eles não tinham vergonha de afirmar. A força que impulsionava a mente inquisitiva de Galileu, por exemplo, era sua profunda convicção interior de que o Criador que nos ‘deu sentidos, razão e intelecto’ pretendia que nós não ‘renunciássemos ao uso deles e que, por algum outro meio, obtivéssemos o conhecimento que por meio deles podemos adquirir’” .

    Falando sobre essa temática no livro Por que acredito Naquele que fez o mundo, o Doutor Antonino Zichichi, PhD em Física, Professor na Universidade de Bolonha e ex-presidente da European Physical Society, desmente o argumento de que existe contradição entre fé e ciência; e mostra como a própria ciência é, em última análise, uma questão de fé: fé na existência de uma lógica que governe este mundo. Tal lógica, para ele, é a lógica de Deus.

    O Doutor Antonino Zichichi cita como exemplo Galileu Galilei, cujas descobertas foram feitas em virtude da busca de um padrão lógico no universo por meio do estudo de objetos vulgares, como a pedra, o barbante e a madeira, em busca de vestígios do Criador. Ele escreve:

    “A Bíblia – dizia Galileu – é a palavra de Deus. a natureza, por sua vez, é a sua escritura.

    A Ciência tem como objetivo entender o que Deus escreveu, usando o rigor da Matemática. As Leis Fundamentais da Natureza, na verdade, e expressam por precisas equações matemáticas, dizia e pensava Galileu.

    Como sabia o pai da Ciência que, estudando como oscilavam os pêndulos, ou como rolam as pedras ao longo de um plano inclinado, deveriam surgir leis rigorosas? Poderiam muito bem ter surgido o Caos, o arbítrio, a excentricidade: um dia de um jeito e um ano depois de outro. Em Pisa, uma lei, na Lua, uma outra.

    Galileu, por sua vez, pensava em leis fundamentais e universais, expressas de forma rigorosamente matemática. O conjunto destas leis devia representar, e de fato representa, a Lógica da Criação.

    Naquela pedra está a mão do Senhor. Estudando os objetos vulgares, Galileu descobriu as Leis Daquele que fez o mundo. Foi esta Fé que o levou a desafiar a cultura dominante de seu tempo. Ele desejava simplesmente ler o Livro da Natureza, escrito pelo Criador com caracteres matemáticos”.

    Como se nota, historicamente, principalmente no período da Reforma, longe de serem antiintelectuais ou temerosos quanto ao estudo secular, os cristãos acreditavam que o Cristianismo só poderia florescer em meio a um povo que lesse e fosse culto.

    Sendo assim, os cristãos precisam resgatar “a mente cristã” e despertar deste sono intelectual dos dias atuais. Não somente como um mero exercício de intelecto ou simplesmente para adquirir conhecimento, mas para atender ao mandato cultural outorgado à Igreja. Afinal, como escreveu Nancy Pearcey: “O chamado cristão não é somente para salvar almas, mas também para salvar mentes”.

    NOTAS
    [1] http://www.cpadnews.com.br/blog/valmirnascimento/?POST_1_14_O+ANTI-INTELECTUALISMO+RELIGIOSO.html

    [2] HORTON, Michael Scott. O Cristão e a cultura. [tradução Elizabeth Stowell Charles Gomes]. 2.ed. São Paulo: Cultura Cristã, 2006.

    [3] D´SOUZA, Dinesh. A verdade sobre o cristianismo: por que a religião criada por Jesus é moderna, fascinante e inquestionável; [tradução Valéria Lamim Delgado Fernandes]. Rio de Janeiro: Thomas Nelson Brasil, 2008;

    Fonte: http://www.cpadnews.com.br/blog/valmirnascimento/?POST_1_76_RESGATANDO+A+MENTE+CRIST%E3.html

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