quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Lição 06 - 4º Trimestre 2018 - Alegrias e Felicidades - Adolescentes.

Lição 6 - Alegrias e Felicidades

4º Trimestre de 2018
ESBOÇO DA LIÇÃO
O QUE É ALEGRIA?
“TENHAM SEMPRE ALEGRIA, UNIDOS NO SENHOR!”
“POSSO TODAS AS COISAS NAQUELE QUE ME FORTALECE!”
O FRUTO DO ESPÍRITO
Esdras Bentho
"Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em meu nome pedirdes ao Pai ele vo-lo conceda.”  (João 15.16)
INTRODUÇÃO:
O termo fruto usado nas páginas do Novo Testamento é a tradução do original karpos, que tanto pode significar “o fruto”, quanto “dar fruto”, “frutificar” ou ser “frutífero” (Mt 12.33; 13.23; At 14.17). A palavra é usada em sentido figurado para indicar a produção e o resultado de algo, de acordo com a natureza própria da planta ou da pessoa. Segundo Gn 1.11, a árvore produz fruto segundo a sua espécie. O termo “espécie”, no original mîm, designa “especificação” ou “ordem”, por esta razão a árvore boa não gera fruto mau, e a má, fruto bom (Mt 7.16-20). Portanto, é de se esperar que da natureza regenerada do crente, pelo Espírito Santo que nele habita, origine-se fruto que dignifique e espelhe o caráter moral de Cristo.
A qualidade da coisa produzida aponta para as virtudes, a ineficácia, e ao caráter do elemento gerador (Gn 1.12; Mt 7.17,18). Deste modo é que se refere ao produto da terra, do ventre e dos animais (Dt 28.11); do caráter do justo (Sl 1.30; Pv 11.30); da índole do ímpio e das atitudes dos homens (Pv 1.29-32; Jr 32.19); da mentira (Os 10.13); da santificação (Rm 6.22); da justiça (Fp 1.11) e do arrependimento entre outros (Lc 3.8).
A ilustração bíblica está condicionada ao contexto do símbolo hebraico que concebia o homem como árvore (Jz 9.7-15; Sl 1.3); Israel como vinha (Is 5.1-7; Jr 2.21; Os 10.1); e Cristo como a Videira (Jo 15).
1. O Contexto da Alegoria Joanina (Jo 15.1-17)
Os discursos dos capítulos 15 e 16 e a Oração Sacerdotal do capítulo 17 aparecem no Evangelho de João sem qualquer referência direta nos outros Evangelhos. Trata-se de textos específicos do Quarto Evangelho. A ocasião que motivou os ensinos e o local de onde foram pronunciados também é incerto. Quanto ao local, Jesus esteve em Betânia (12.1-11) e Jerusalém (12.12-50 – 14.1-31), depois é mencionado o ribeiro de Cedrom (18.1) – os discursos ficam entre os dois.
Não há qualquer nota geográfica, mas canonicamente sugere-se Jerusalém, ainda no cenáculo, na ocasião da celebração da ceia, à noitinha, depois da saída do traidor (Jo 13.30). A ocasião também é motivo de debate. De acordo com alguns comentaristas, a figura da videira fora motivada pelas filigranas de videiras e uvas douradas que ornavam a porta do Templo, em Jerusalém, ou então, no caminho Jesus passara por alguma vinha, e até mesmo que crescia uma videira do lado de fora do cenáculo.
A ocasião pode ter motivação teológica. A crucificação estava próxima e Judas havia se desgarrado, frutificando para a morte. Jesus exorta aos discípulos “a permanecerem na fé, para manifestarem em sua vida, não as obras de Satanás, mas os frutos do Espírito Santo”[2]. De outro modo, o fato de os judeus estarem familiarizados com a relação teológica entre Israel e a videira, os frutos e a frutificação espiritual, desde o Antigo Testamento (SI 80.8, 14; 128.3; Is 5.1-7; Jr 2.21; Ez 17.8; J1 2.22; Zc 8.12; Ml 3.11) é uma das mais contundentes motivações do discurso do capítulo 15.
2. Os Dois Temas da Alegoria: A Videira e o Amigo
O capítulo 15 do Evangelho apresenta duas maravilhosas figuras: a Videira e o Amigo. Segundo Wiersbe, as duas apresentam os privilégios e as responsabilidades daqueles que permanecem em Cristo[3]. Como ramo, o crente compartilha da vida de Jesus e, como amigo, o privilégio de conhecer a vontade de Jesus e a responsabilidade de obedece-lo. Assim, em João 15.1-11 temos a figura da videira (Jesus) e dos ramos (discípulo), e nos versículos 12-17, do amigo (discípulos). 
A palavra-chave da primeira parte é “permanecer” e um dos sinais de que o discípulo “permanece nEle” é a geração de frutos. Lembrando que o fruto não é para si, mas para o outro. É um privilégio “estar em Cristo”, mas também uma responsabilidade: “dar frutos”.
A figura do Amigo já fora apresentada no Antigo Testamento. Abraão é tanto amigo quanto servo do Senhor (2Cr 20.7; Is 41.8; Tg 2.23; Gn 26.227). Trata-se de um relacionamento amoroso e sacrificial. Como amigo o discípulo demonstra amor, mas como servo, serviço. A figura do viticultor (o Pai) assegura o cuidado e a produção dos frutos. Demonstra que o Pai deseja dos ramos (discípulo) tanto qualidade quanto quantidade.
Assim, a Alegoria da Videira é uma das imagens sacras mais contundentes sobre o relacionamento e intimidade de Jesus com os seus discípulos. Esta pérola poética não é superada nem mesmo pela oração sacerdotal do capítulo dezessete, mas complementada e sumariada no versículo 23: “Eu neles, e tu em mim, para que eles sejam perfeitos em unidade”. Na figura da Videira, o Pai é o cultivador que zela pela frutificação do ramo, mas somente na intercessão de Cristo é que entendemos o cuidado do viticultor célico – o poder gerador, criador, frutificador do Deus Todo-Poderoso é comunicado ao crente que está unido e permanece em Cristo, portanto, inadmissível um ramo ineficaz (Cl 1.29;1 Co 12.6).
 3. O Fruto do Espírito (Gl 5.22-23)
“Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra essas coisas não há lei.”
O Espírito Santo capacita o discípulo a produzir fruto. É impossível produzir fruto santo sem a graça e cooperação do Santo Espírito. O fruto é santo porque procede da natureza santa do Espírito de Deus. O fruto do Espírito refere-se à virtude tanto espiritual quanto moral cultivada pelo Espírito Santo no caráter e personalidade do crente, que se manifesta na vida particular e nos relacionamentos. É o próprio caráter santo de Cristo na vida do discípulo. O fruto é produzido pela ação do Espírito Santo, por meio da comunhão com Cristo, a Videira verdadeira, e pela intimidade com a Palavra de Deus.
4. Distinção entre os dons e o fruto do Espírito
Não obstante os dons e o fruto procederem do mesmo Espírito, ambos são diferentes entre si. Os dons são concedidos pelo Espírito, enquanto o fruto é gerado no discípulo. Os dons acompanham o batismo com o Espírito Santo, enquanto o fruto começa com a obra do Espírito Santo na regeneração (At 19.6). Os dons são dotações de poder para o serviço, o fruto é uma expressão do caráter de Cristo na vida do cristão. Os dons manifestam-se imediatamente perfeitos, enquanto o fruto requer tempo para crescer e desenvolver-se; os dons revelam concessão de poder e graça especial, enquanto o fruto se relaciona com o caráter do portador.
5. O Fruto do Espírito
5.1. Amor
                    Os quatro aspectos da palavra amor na Bíblia:
                  a. Amor eros. É conhecido como amor instintivo ou paixão.
                  b. Amor storge. É o amor afetivo, amor familiar.
                  c. Amor phileo. É o amor relacionado aos amigos.
                  d. Amor agápe. Deus é a personificação deste amor (1 Jo 4.8-16).
5.2. Alegria
A "alegria" do Espírito é aquela que estimula a viver, andar e realizar a obra de Deus.  Trata-se daquela qualidade de vida graciosa e bondosa, caracterizada pela boa vontade, generosa nas dádivas aos outros, resultante de um senso de bem-estar, resultado de uma correta relação com Deus; é o "regozijo" no Espírito Santo. O gozo, como estado de espírito em alegria permanente, é uma peculiaridade do servo de Deus. Ainda que nem sempre esteja estampado no rosto, o gozo que inunda o coração do crente nele se traduz como uma forma de alegre confiança nos cuidados e provisões de Deus. Nas duas últimas instruções aos seus discípulos, Jesus disse: "tenho-vos dito isto, para que o meu gozo permaneça em vós, e o vosso gozo seja completo"(Jo 15.11).  
5.3. Paz
A verdadeira paz, a paz real, é de tríplice aspecto: paz com Deus; paz consigo mesmo; e paz com nosso semelhante. A base de nossa paz com Deus é a justificação pela fé em Jesus Cristo (Rm 5. 1). Portanto, a paz envolve muito mais do que tranquilidade íntima. Antes, trata-se de qualidade espiritual produzida pelo perdão dos pecados, conversão e a consequente transformação segundo a imagem de Cristo. A paz é o contrário exato do ódio, da desavença, da contenda, do conflito, da inveja.
5.4. Longanimidade
A longanimidade consiste em suportar as fragilidades e provocações alheias, com base na consideração de que Deus se tem mostrado extremamente paciente conosco. Assim, a longanimidade é a paciência que nos permite controlar a ira e o senso de contenda, tolerando as injurias.
5.5. Benignidade
A benignidade é doçura de temperamento, sobretudo para com os desvalidos, predispondo a uma atitude afável e cortês, que deixa facilmente abordável, quando alguém magoado.
5.6. Bondade
O uso que Paulo faz em Rm 15.14 e 2 Ts 1.11 demonstra que se trata de generosidade e de ação gentil para com outras pessoas.
5.7. Fé
Significa tanto "confiança" quanto "fidelidade"; e ambas virtudes procedem do Espírito de Deus. O termo "fidelidade" designa uma fé provada como elemento modelador do caráter do cristão (1Pe 1.7).
5.8. Mansidão
Essa é uma qualidade exaltada nas bem-aventuranças. Uma qualidade de caráter daqueles que haverão de herdar a terra (Mt 5.5). Cristo possuía essa qualidade (Mt 11.29). Em Fp 2.1-11 é associada à "mente de Cristo". Consiste em um Espírito de mansidão e gentileza no trato com o próximo.
5.9. Temperança
Na passagem de 1 Co 7.9 essa palavra e usada para o controle do impulso sexual, mas em 1 Co 9.25 à toda forma de controle e autodisciplina que um atleta precisa exercer. Paulo emprega o termo para falar do autocontrole que obtém o domínio sobre os vícios alistados em Gl 5.19-21. Para que seja vitorioso e obtenha a vitória contra o mal, o cristão precisa de uma completa autodisciplina e de total autocontrole.
Conclusão
O cristão deve conservar em perfeita sintonia os dons e o fruto do Espírito. Ele deve manter-se sempre cheio do Espírito, tanto do poder quanto do fruto. Crente cheio de poder, mas sem fruto (se for possível) é como uma linda arquitetura sem fundamento.
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[1] Pedagogo, Teólogo, Comentarista das Lições Bíblicas de Jovens (CPAD); Mestre e Doutorando em Teologia pela PUC, RJ. Autor dos livros: Hermenêutica Fácil e Descomplicada (CPAD); A Família no Antigo Testamento (CPAD); Igreja Identidade & Símbolos (CPAD); Davi as Vitórias e Derrotas de um Homem de Deus (CPAD); Da História à Palavra: A Teologia da Revelação em Paul Ricoeur (Reflexão).
[2] HENDRIKSEN, W. João.p.686.
[3] WIERSBE, W. W. Comentário Bíblico do Novo Testamento, p. 457.

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