Lição 5 - Fruto do Espírito: o Eu Crucificado
1º Trimestre de 2021
ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – O FRUTO DO ESPÍRITO NA VIDA DO CRENTE
II – DIFERENÇA E RELAÇÃO ENTRE O FRUTO E OS DONS DO ESPÍRITO
III – O ESPÍRITO SE OPÕE À CARNE
CONCLUSÃO
OBJETIVO GERAL
Demonstrar que o Fruto do Espírito é um dos temas mais vibrantes da vida cristã.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I – Conceituar o Fruto do Espírito;
II – Distinguir e relacionar Fruto do Espírito e dons espirituais;
III – Conscientizar que o Espírito se opõe à Carne.
PONTO CENTRAL
O Fruto do Espírito tem como fonte o próprio Espírito Santo.
Vejamos o que o comentarista da lição, pastor Esequias Soares, discorre sobre O Fruto do Espírito na Vida do Crente:
Não é por acaso que o tema sobre o fruto do Espírito aparece em Gálatas. As igrejas da Galácia viviam uma experiência que o assunto exigia. Os opositores de Paulo na região eram os legalistas dentre os judeus que se juntaram ao grupo de Jesus, os chamados judaizantes,2 mas que não abriram mão de certas práticas judaicas, como a circuncisão, o khasherut3 e a guarda do sábado entre outros rituais. Eles ensinavam que os gentios convertidos à fé cristã deviam observar a lei de Moisés como condição para salvação (At 15.1, 5). É a doutrina da salvação por meio das obras defendida pelas religiões não cristãs e por alguns ramos da religião cristã. O sacrifício de Jesus Cristo na cruz mostra que o ser humano é completamente incapaz de se salvar, incapaz de ir ao céu, à presença de Deus, por sua própria bondade e força. Jesus deixou isso claro quando disse: “porque sem mim vocês não podem fazer nada” (Jo 15.5). O orgulho humano faz que a pessoa se rebele contra a sentença de Deus. Tais pessoas se ofendem porque Deus não aceita seus esforços pessoais como condição para a salvação. Os membros do corpo de Cristo praticam as boas obras porque já são salvos e não para serem salvos. A proposta disseminada pelos judaizantes era a fé em Jesus e mais as obras da lei, a morte de Jesus não é suficiente para a salvação e por isso precisava de um reforço adicional. Era essa forma de doutrina que estava sendo divulgada na Galácia. Tão logo Paulo retornou de sua viagem missionária ficou sabendo que os irmãos da Galácia estavam agora envolvidos com essa doutrina legalista, e isso o deixou estupefato e atônito: “Estou muito admirado com vocês, pois estão abandonando tão depressa aquele que os chamou por meio da graça de Cristo e estão aceitando outro evangelho” (Gl 1.6 - NTLH). O verbo grego metatísth¯emi, “deixar, abandonar, desertar, mudar de pensamento, virar a casaca”, era usado na antiguidade quando alguém desertava do exército ou quando se rebelava contra ele. Significa também mudança de partido político, de filosofia e de religião. Em outras palavras, aqueles irmãos estavam abandonando a fé. O apóstolo usa a palavra grega heteros, que significa “outro”, de natureza diferente, que não é a mesma coisa que allos, que quer dizer “outro”, mas de mesma natureza. Isso afasta a hipótese de que o evangelho pregado pelos seus opositores seja meramente um evangelho “corrompido, distorcido ou pervertido”, mas outra coisa, coisa ainda pior. Ele foi categórico ao chamar a doutrina desses legalistas de “outro evangelho” (Gl 1,8,9), isto é, sem vínculo com o Cristo ressuscitado, revelado no Novo Testamento.
Então, esses falsos doutrinadores estavam levando os membros das igrejas da Galácia a buscar a retidão por meio de esforço próprio, por si mesmos, quando, na verdade, o apóstolo os havia ensinado que a retidão é uma dádiva concedida por Deus em Cristo por ocasião da conversão (Gl 3.2, 5). O Espírito Santo renova todas as pessoas que vêm a Jesus e coloca nelas o desejo de fazer o que é bom e agradável a Deus. O fruto do Espírito é o resultado natural de um processo de amadurecimento e a consequência de um desenvolvimento natural de crescimento espiritual. Ele surge paulatinamente dentro de cada crente como resultado da regeneração do Espírito Santo de forma instantânea e também gradativa por meio do crescimento na graça de nosso Senhor Jesus Cristo, como acontece com a santificação. Os gálatas receberam esse ensino desde o início, quando o apóstolo esteve com eles. Eles ouviram isso na pregação de Paulo na sinagoga de Antioquia da Pisídia (At 13.14-41).
O que estava acontecendo nas igrejas da Galácia é típico de comunidades religiosas legalistas. “A religião legalista frequentemente gera desavença e competição espiritual; é egocêntrica e motivada somente pela carne, ou seja, pelo ego (Gl 5.13-15, 19-21).”4 Esse é o retrato das igrejas galacianas. Mas, a mensagem apostólica que vale para todas as épocas e em todos os lugares continua atual: “Digo, porém, o seguinte: vivam no Espírito e vocês jamais satisfarão os desejos da carne” (Gl 5.16). “Viver no Espírito” é uma expressão que indica viver corretamente em humildade, submissão e santidade, para a glória de Deus (Ef 5.9, 10; Fp 1.11; Cl 1.10).Segue a lista com nove virtudes: “Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5.22, 23 - ARA). Não se trata de uma lista exaustiva. Essas nove virtudes contrapõem as obras da carne mencionadas nos vv. 19-21, de modo que tanto as virtudes como as “obras da carne” são representativas. As palavras “e coisas semelhantes a estas” (Gl 5.21); “Contra tais coisas não há lei” (v. 23 - TB) indicam a existência de outros pecados e outras virtudes. Há outras listas do fruto do Espírito (Rm 12.9-21; Cl 3.12, 13). Assim como cada lista dos dons espirituais foram para situações específicas para aplicação conforme o contexto, da mesma forma, a lista do fruto do Espírito segue essa mesma estrutura (Gl 5.15, 26). Esta questão não está clara na maioria dos teólogos e expositores bíblicos pentecostais. Alguns expositores estranham o fato de Paulo contrapor “as obras da carne” (v. 19) com o “fruto do Espírito” (v. 22), singular, quando era de se esperar “frutos”. Há diversas explicações sobre esse detalhe. Segundo o pastor Antônio Gilberto, “O uso da forma singular fruto em Gálatas 5.22 sugere a unidade e harmonia do caráter do Senhor Jesus Cristo, as quais são reproduzidas no crente mediante as nove qualidades do fruto do Espírito Santo vistas na citada referência”.5 Segundo o Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento, o singular mostra a unidade essencial do fruto do Espírito: “o crente cheio do Espírito deve demonstrar todas as características do Espírito, não apenas esta ou aquela virtude”.6 Alguns expositores bíblicos pulam essa parte. Para Gordon Fee, Paulo não tinha esse contraste em mente, mas “imaginava o fruto como um ramalhete com flores de características diversas formando um conjunto”.7 O missionário Eurico Bergstén compara esse singular com uma flor de nove pétalas e também ilustra o “fruto” como uma laranja e seus gomos. O “fruto” que aparece logo em seguida é o amor (caridade), diz o missionário, as outras virtudes seguintes são os reflexos do amor.8 A forma singular sugere que nessas virtudes se produz a unidade de caráter de Cristo, as nove graças mencionadas em Gálatas 5.22, todas elas em contraste com as confusões das obras da carne. É o fruto individualizado. Donald Gee chama essas graças ou virtudes de modalidades do fruto.9 A maioria dos teólogos e expositores bíblicos pentecostais usa com frequência o número nove para as virtudes mencionadas em Gálatas 5.22, mas não deixa claro se é uma referência apenas ao v. 22 ou a ideia de uma lista completa. Gordon Fee é direto: “É um engano referir-se a essa lista como o fruto de nove facetas. A lista não tem o propósito de ser exaustiva, mas representativa, exatamente como a lista precedente de pecados, em Gálatas 5.5-21”.10 O mais importante é que cada membro do corpo de Cristo conheça o significado do “fruto do Espírito” e viva essa realidade. É verdade que vida abundante brota do Espírito, mas não cresce naturalmente, precisa ser cultivada, a Bíblia não ensina um modo de vida passivo. Vivemos essas coisas porque somos salvos e não para sermos salvos.
2 Palavra proveniente do verbo grego ioudaizo, “viver como judeu” (Gl 2.14).
3 O khasherut são preceitos dietéticos estabelecidos na lei de Moisés, prescrições judaicas tradicionais acerca do ritual e dos preparativos de alimentos e refeições. O termo vem da palavra hebraica khasher, cuja ideia é: “apropriado para comer, limpo”.
4 KEENER, Craig S. O Espírito na Igreja – O que a Bíblia ensina sobre os dons. São Paulo: Vida Nova, 2018, p. 83.
5 GILBERTO, Antonio. O Fruto do Espírito – A Plenitude de Cristo na Vida do Crente. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p. 10. Essa obra é uma das mais completas sobre o fruto do Espírito, publicada originalmente em inglês, nos Estados Unidos em 1984, sob o título, Abundant Living.
6 FRENCH, Arrington L. e STRONSTAD, Roger. Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 1182.
7 FEE, Gordon D. Paulo, o Espírito e o Povo de Deus. São Paulo: Vida Nova, 2015, p. 147.
8 BERGSTÉN, Eurico. Introdução à Teologia Sistemática. Rio de Janeiro: CPAD, 1999, p.108.
9 GEE, Donald. Ibidem, p. 57.
10 FEE, Gordon D. Ibidem, p. 145.
Texto extraído da obra “O Verdadeiro Pentecostalismo: A Atualidade da Doutrina Bíblica sobre a Atuação do Espírito Santo”.
Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!
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