quarta-feira, 25 de novembro de 2020

Lição 09 - 4º Trimestre 2020 - Jó e a Inescrutável Sabedoria de Deus - Adultos.

 

Lição 9 – Jó e a Inescrutável Sabedoria de Deus 

4º Trimestre de 2020

ESBOÇO DA LIÇÃO
INTRODUÇÃO
I – A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM NATURAL
II – A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM COMERCIAL
III – A SABEDORIA VISTA COMO UM BEM ESPIRITUAL 
CONCLUSÃO

OBJETIVO GERAL
Mostrar que a verdadeira sabedoria consiste no temor do Senhor.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS
I – Expor que todos os esforços humanos são inúteis para a aquisição da sabedoria divina;
II – Destacar que a sabedoria tem seu preço, e que excede todos os bens materiais existentes;
III – Revelar que o verdadeiro valor da sabedoria é de natureza espiritual.

PONTO CENTRAL
O temor do Senhor é o fundamento da verdadeira sabedoria.

Querido(a) professor (a), na lição do próximo domingo veremos que a verdadeira sabedoria, segundo a Palavra de Deus, fundamenta-se no “temor do Senhor”.

Vejamos o que o comentarista da lição discorre sobre Jó e a Inescrutável Sabedoria de Deus:

“O livro de Jó pertence ao gênero literário sapiencial, e o seu capítulo 28 é todo dedicado a uma exposição sobre a verdadeira sabedoria. Alguns autores (Terrien, 1997) acreditam que esse capítulo não pertence aos discursos originais de Jó, e ainda outros acham que ele encontra-se fora de lugar. Todavia, como observou Mesquita (1979), essa teoria não parece razoável dentro do contexto de Jó. O mais natural é entender que Jó tenha recebido de Deus iluminação para fazer uma exposição tão bela e profunda sobre a sabedoria sob diferentes aspectos. Mesquita (1979, p. 147) destaca o seguinte: 

os críticos admitem, com muita facilidade, interpolações do texto, como se um manuscrito sagrado fosse um tabuleiro de xadrez, em que se joga uma pedra para um lado e para outro. Não partilhamos desta facilidade de acrescentar ou diminuir coisa alguma num Manuscrito, mesmo que não sejamos capazes de interpretar certas anormalidades textuais. 

Na sua obra Sabedoria e Sábios em Israel (Loyola, 1999), José V. Líndez faz uma abordagem sistemática e crítica sobre a literatura sapiencial no contexto do mundo antigo.i Há algum tempo, fiz uma resenha sobre a obra de Líndez para um trabalho de mestrado.ii Aqui reproduzirei parte dela porque creio que ajudará na compreensão do capítulo 28 de Jó. 

Líndez destaca que a literatura Sapiencial é o fruto maduro de um povo adulto. Esse tipo de gênero literário é mais antigo que Israel. Líndez ainda destaca que essa literatura chegou até nós por meio do testemunho escrito na Mesopotâmia e Egito, cuja data remonta ao segundo e terceiro milênio antes de Cristo. Esses centros de cultura estavam espalhados principalmente pelo Egito e Mesopotâmia.  

A fonte da sabedoria no mundo antigo estava reservada aos sábios. Porém, Líndez destaca que o que se entende por ‘sábios’ não é consenso entre os estudiosos. O termo passou a ser usado tanto no sentido profissional como no não profissional. O termo pode ser aplicado aos mestres da corte, educadores, etc., bem como aos conselheiros dos príncipes e reis. Dessa forma, o ‘sábio’ é o mestre de família que vivia na corte ou fora dela, ou, ainda, o mestre popular, além de futuros escribas ou peritos da lei. A sabedoria, portanto, provinha de várias fontes: o lar, a escola, a experiência, o intercâmbio, a tradição, a reflexão, etc.

É interessante a forma como Líndez aborda a questão da Sabedoria e o sábio no Antigo Testamento e como essa sabedoria relacionava-se com a ordem no mundo. Líndez destaca que a sabedoria no contexto do Antigo Testamento é mais de caráter prático do que teórico. Em muitos textos do Antigo Testamento, é revelado que o Senhor Deus é a fonte dessa sabedoria. Não deve ser esquecido que, em um primeiro momento, a sabedoria é demonstrada nas atividades manuais dos homens nas suas tarefas diárias e normais, isto é, nas suas habilidades demonstradas. Em um estágio mais avançado da literatura sapiencial, o conceito de sabedoria é associado a ideias de justiça. Ser sábio, portanto, não se refere a ter conhecimento enciclopédico, mas à aplicação da justiça.

O autor destaca que, dentre os livros do gênero sapiencial, Provérbios de Salomão é o mais representativo do Antigo Testamento. Líndez observa que os livros de Provérbios, além das sentenças tradicionalmente atribuídas ao rei, filho de Davi, há muitas outras atribuídas a outros sábios. O modelo de sentenças prevalecentes nos provérbios é a ‘masal’. Nesses provérbios, prevalecem os paralelismos, as formas valorativas, as comparações, as metáforas, as perguntas retóricas, as cenas breves (o preguiçoso e a formiga, o beberrão). Há, também, uma variedade de temas: amor à sabedoria, vida pessoal (o indivíduo, o aluno, desprestígio do preguiçoso, primazia da justiça, atitude diante da riqueza e da pobreza), provérbios e a vida familiar, a vida em sociedade (sensato/néscio; honrado/malvado; pobre/rico; excesso/moderação). Líndez também destaca a reflexão de provérbios para o contexto religioso. Deus é visto como: criador, onisciente, providente e soberano. Outros temas de igual importância também são abordados pelos Provérbios: Deus e o mal, a doutrina da retribuição e o temor do Senhor. 

Líndez (1999, p. 133) destaca o que chama de ‘crise da sabedoria’. Ele mostra que, no primeiro momento, a literatura sapiencial via os problemas da existência humana como estando subordinados apenas à lei de causa e efeito ou da retribuição. Esse “otimismo” deixa de existir com o livro de Jó. É dentro desse contexto que ocorrem os dramas narrados no livro de Jó e, posteriormente, também no Eclesiastes. Jó, por sua vez, mostra como nem sempre a questão do sofrimento humano pode ser entendida a partir da lei da retribuição. O autor de Jó mostra um homem justo, que procurava viver retamente e que, de repente, acaba sendo apanhado em desgraça. Dessa forma, Líndez (1999, p. 134) diz:

O pensamento sapiencial se teologiza, enquadrando-se em uma corrente de otimismo que admite a ordem e o equilíbrio perfeitos não apenas na natureza, mas também na comunidade humana, sempre dentro de um horizonte temporal cujo limite está marcado pela realidade da morte. Essa visão otimista e abertamente religiosa fundamenta-se na admissão sem titubeios da doutrina da retribuição temporal e histórica: Deus premia sempre os bons com o êxito e a vitória; aos maus dá sua merecida derrota, não obstante as aparências contraditórias da realidade.

Nos primeiros capítulos, Jó aparece como um homem feliz e extremamente piedoso, levando a sério as questões relacionadas à vida religiosa. Todavia, num segundo momento, Jó aparece de forma questionadora, não conformado com os infortúnios, quando, por exemplo, uma tempestade varre a sua casa e família. O Jó paciente cede o seu lugar para o Jó inquieto. Líndez (1999, p. 138) demonstra que uma das belezas do livro de Jó está exatamente na narrativa dos fatos sem a tentativa de mascarar as agruras pelas quais o velho patriarca passa. Aqui, Jó discute com Deus e demonstra o seu ressentimento diante da aparente injustiça que estava sofrendo. 

Líndez (1999, p. 137) declara o seguinte:

O autor apresenta magistralmente um homem justo, triturado pelo sofrimento, que busca com tenacidade uma explicação da situação em que padece. Nessa empresa sobre-humana, Jó remove céus e terra, enfrentando a Deus e aos homens. Nada o faz recuar, a tudo se arrisca, sempre consciente de sua inocência. Queixa-se e grita desesperadamente para que Deus rompa o silêncio e de uma vez para sempre a justiça seja feita.

Nesse aspecto, é possível fazer um contraste entre Jó e Eclesiastes. Por um lado, Jó levanta a voz contra toda explicação teológica que é simples demais para explicar as contradições da vida. Por outro lado, o livro de Eclesiastes faz uma análise filosófica sobre o lado sombrio da vida que acontece ‘debaixo do sol’ (Líndez, 1999, p. 168). Nesse aspecto, o Eclesiastes (Pregador) é um bom observador e um crítico radical da vida. Uma palavra-chave que ajuda a entender a mensagem de Eclesiastes, destaca Líndez (1999, pp. 173,174), está na compreensão do sentido de hebel, que, comumente traduzida por “fumaça, vapor”, mantém o sentido de ‘vaidade’. No Eclesiastes, hebel é usada nos contextos da riqueza, trabalho, prazer e conhecimento. Líndez (1999, p. 174) conclui que o Pregador (Eclesiastes) não pode ser visto como um observador frívolo otimista, pois a sua visão da vida mostra a realidade nua e crua como se apresenta a existência humana. É nisso que ele é parecido com Jó.” 

Texto extraído da obra “A Fragilidade Humana e a Soberania Divina: O Sofrimento e a Restauração de Jó”.

Deus abençoe a sua aula e os seus alunos!

Verônica Araujo
Setor de Educação Cristã


i LÍNDEZ, José Vílchez. Sabedoria e Sábios em Israel. Tradução de José Benedito Alves. 2.ed. São Paulo: Loyola, 1999.
ii Resenha apresentada em 2019 na disciplina Literatura poética e sapiencial da Faculdade Batista do Paraná.


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