Lição 12 - Esperando, mas Trabalhando no Reino de Deus
4º Trimestre de 2018
ESBOÇO GERAL
INTRODUÇÃO
I – INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS DEZ TALENTOS
II – USANDO A NOSSA CAPACIDADE PARA O REINO DE DEUS
III – TRABALHANDO ATÉ O SENHOR VOLTAR
CONCLUSÃO
INTRODUÇÃO
I – INTERPRETAÇÃO DA PARÁBOLA DOS DEZ TALENTOS
II – USANDO A NOSSA CAPACIDADE PARA O REINO DE DEUS
III – TRABALHANDO ATÉ O SENHOR VOLTAR
CONCLUSÃO
TRABALHANDO ATÉ O SENHOR VOLTAR
Wagner Tadeu dos Santos Gaby
Eliel dos Santos Gaby
Eliel dos Santos Gaby
Jesus nunca estabeleceu uma data para a sua volta, pois Ele pode vir a qualquer momento (Mt 24.36; Mc 13.32; At 1.7). Todavia, sempre há tempo suficiente antes que Cristo venha para que os que forem servos diligentes dupliquem o capital que lhes foi confiado. Lockyer, na análise do uso dos talentos por parte dos três servos, destaca que “quando o primeiro servo recebeu os cinco talentos; e o segundo, os seus dois; lemos que ambos saíram imediatamente e negociaram com eles, ou seja, agiram de forma imediata, sem demora, porque não sabiam quanto tempo o seu senhor ficaria ausente; por isso tão logo ele partiu, começaram a negociar”.1 Este autor destaca também que “eles negociaram, fizeram permutas, até que dobraram o que tinham. O que possuía cinco talentos conseguiu outros cinco —100%. O servo com doistalentos foi igualmente bem sucedido, pois o seu lucro também foi de 100%. Em ambos os casos o capital original foi duplicado. Se o homem com apenas um talento o tivesse negociado, o seu lucro teria sido o mesmo”.2
Snodgrass destaca que “esta parábola retrata a época da morte e da ressurreição de Jesus até o segundo advento e seria dirigida aos discípulos para incentivá-los a levar uma vida nos valores do Reino”.3 Um detalhe interessante verificado nessa parábola é a conexão que ela possui com a parábola anterior, “parábola das dez virgens”. Sobre isso Trench destaca que “enquanto as virgens são apresentadas como que esperando pelo seu Senhor, temos aqui os servos trabalhando para ele; há a vida espiritual interna do fiel sendo mencionada, e aqui a sua ação externa, [...] portanto há uma boa razão para eles aparecerem na presente ordem, ou seja, primeiro as virgens e em seguida os talentos, pois a única condição para haver uma ação externa, produtiva para o reino de Deus, é que a vida de Deus seja diligentemente conservada dentro do coração".4
Em Tiago 2.14-26 a Bíblia diz: “Meus irmãos, que aproveita se alguém disser que tem fé e não tiver as obras? Porventura, a fé pode salvá-lo? E, se o irmão ou a irmã estiverem nus e tiverem falta de mantimento cotidiano, e algum de vós lhes disser: Ide em paz, aquentai-vos e fartai-vos; e lhes não derdes as coisas necessárias para o corpo, que proveito virá daí? Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras. Tu crês que há um só Deus? Fazes bem; também os demônios o creem e estremecem. Mas, ó homem vão, queres tu saber que a fé sem as obras é morta? Porventura Abraão, o nosso pai, não foi justificado pelas obras, quando ofereceu sobre o altar o seu filho Isaque? Bem vês que a fé cooperou com as suas obras e que, pelas obras, a fé foi aperfeiçoada, e cumpriu-se a Escritura, que diz: E creu Abraão em Deus, e foi-lhe isso imputado como justiça, e foi chamado o amigo de Deus. Vedes, então, que o homem é justificado pelas obras e não somente pela fé. E de igual modo Raabe, a meretriz, não foi também justificada pelas obras, quando recolheu os emissários e os despediu por outro caminho? Porque, assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta”.
O texto de Tiago é o clímax do apelo que ele fez por uma religião pura que se justifica na ação. A sua preocupação consiste numa atitude diante da fé que se manifesta tão somente como uma confissão verbal e isso para ele é uma fé sem obras (Tg 2.20,26), a qual ele considera morta (Tg 2.17,26), inoperante (Tg 2.20) e que não tem poder para salvar (Tg 2.14) ou para justificar (Tg 2.18). O que Tiago quer dizer na verdade, não é que as obras devem ser acrescentadas à fé, mas que a fé genuína as inclui. Nesse sentido, as obras são a evidência da fé. O profeta Isaías convocou o povo de seus dias para que desse um significado real a seus ritos religiosos, conforme Isaías 58.7-9 que diz: “Porventura, não é também que repartas o teu pão com o faminto e recolhas em casa os pobres desterrados? E, vendo o nu, o cubras e não te escondas daquele que é da tua carne? Então, romperá a tua luz como a alva, e a tua cura apressadamente brotará, e a tua justiça irá adiante da tua face, e a glória do Senhor será a tua retaguarda. Então, clamarás, e o Senhor te responderá; gritarás, e ele dirá: Eis-me aqui; acontecerá isso se tirares do meio de ti o jugo, o estender do dedo e o falar vaidade”.
O Senhor Jesus prometeu o reino àqueles que dessem de comer e vestir “a um destes meus pequeninos irmãos”, conforme Mateus 25.31-46. O apóstolo João por sua vez, nega que qualquer pessoa que deixe de auxiliar a um irmão em necessidade possa ter o verdadeiro amor, conforme 1 João 3.17-18: “Quem, pois, tiver bens do mundo e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar o seu coração, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade”. Muitas vezes nos limitamos a pronunciar simples palavras, quando na verdade Deus está mais interessados em nossa ação. As palavras proferidas através de pregações, orações, confissões de fé, de bons conselhos, de encorajamento, etc, são muito importantes e indispensáveis em nossa vida cristã. Todavia, Tiago está nos lembrando de que as nossas palavras somente provarão que tem um significado real e eficaz quando as pessoas que nos ouvem, virem as ações que praticamos, relacionadas ao que dizemos.
Paulo, em Ef 2.8-10, relaciona as boas obras com a fé: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas”. Tiago fala da justificação diante dos homens e que a fé é provada pelas obras, em Tiago 2.18: “Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras”. Como agência do Reino de Deus na Terra, a Igreja do Senhor (e isso significa cada cristão, inclusive eu e você) possui uma responsabilidade social.
O ministério de Jesus evidencia a primazia da fé em ação, da prática das boas obras, ou seja, da ação social. Um clássico exemplo da importância da ação social está no fim do sermão profético de Jesus, em Mateus 25.35-36: “... porque tive fome, e destes-me de comer; tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me”. A missão integral da igreja consiste em levar o Evangelho em sua plenitude aos homens. No conhecido Pacto de Lausanne um capítulo especial foi produzido com o objetivo de promover uma reflexão profunda sobre a responsabilidade social da igreja:
“Afirmamos que Deus é o Criador e o Juiz de todos os homens. Portanto, devemos partilhar o seu interesse pela justiça e pela conciliação em toda a sociedade humana, e pela libertação dos homens de todo tipo de opressão. Porque a humanidade foi feita à imagem de Deus, toda pessoa, sem distinção de raça, religião, cor, cultura, classe social, sexo ou idade possui uma dignidade intrínseca em razão da qual deve ser respeitada e servida, e não explorada. Aqui também nos arrependemos de nossa negligência e de termos algumas vezes considerado a evangelização e a atividade social mutuamente exclusivas. Embora a reconciliação com o homem não seja reconciliação com Deus, nem a ação social evangelização, nem a libertação política salvação, afirmamos que a evangelização e o envolvimento sócio-político são ambos parte do nosso dever cristão. Pois ambos são necessárias expressões de nossas doutrinas acerca de Deus e do homem, de nosso amor por nosso próximo e de nossa obediência a Jesus Cristo. A mensagem da salvação implica também uma mensagem de juízo sobre toda forma de alienação, de opressão e de discriminação, e não devemos ter medo de denunciar o mal e a injustiça onde quer que existam. Quando as pessoas recebem Cristo, nascem de novo em seu reino e devem procurar não só evidenciar mas também divulgar a retidão do reino em meio a um mundo injusto. A salvação que alegamos possuir deve estar nos transformando na totalidade de nossas responsabilidades pessoais e sociais. A fé sem obras é morta”.5
Em Atos 1.8 a Bíblia demonstra de maneira bastante clara que o Evangelho é para todos, em todos os lugares, sem discriminação: “Mas recebereis a virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”. O Pacto de Lausanne também dedicou um capítulo específico para tratar da atividade evangelísitca: “Afirmamos que Cristo envia o seu povo redimido ao mundo assim como o Pai o enviou, e que isso requer uma penetração de igual modo profunda e sacrificial. Precisamos deixar os nossos guetos eclesiásticos e penetrar na sociedade não-cristã. Na missão de serviço sacrificial da igreja a evangelização é primordial. A evangelização mundial requer que a igreja inteira leve o evangelho integral ao mundo todo. A igreja ocupa o ponto central do propósito divino para com o mundo, e é o agente que ele promoveu para difundir o evangelho. Mas uma igreja que pregue a Cruz deve, ela própria, ser marcada pela Cruz. Ela torna-se uma pedra de tropeço para a evangelização quando trai o evangelho ou quando lhe falta uma fé viva em Deus, um amor genuíno pelas pessoas, ou uma honestidade escrupulosa em todas as coisas, inclusive em promoção e finanças. A igreja é antes a comunidade do povo de Deus do que uma instituição, e não pode ser identificada com qualquer cultura em particular, nem com qualquer sistema social ou político, nem com ideologias humanas”.6
O amor de Deus derramado em nossos corações (Rm 5.5b) deve nos constranger a ajudar as pessoas nas sua necessidades de ordem física, emocional e espiritual, através de ações concretas, conforme recomenda Gl 6.10: “Então, enquanto temos tempo, façamos o bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé”.
Texto extraído da obra “As Parábolas de Jesus: As verdades e princípios divinos para uma vida abundante.” 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018”.
1 LOCKYER, Herbert. Todas as parábolas da Bíblia - Uma análise detalhada de todas as parábolas das Escrituras. São Paulo: Editora Vida, 2006. p. 311.
2 Ibidem.
3 SNODGRASS, Klyne. Compreendendo todas as parábolas de Jesus. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. p. 738.
4 TRENCH apud LOCKYER, Herbert. Todas as parábolas da Bíblia - Uma análise detalhada de todas as parábolas das Escrituras. São Paulo: Editora Vida, 2006. p.307.
5 STOTT, John. The Lausanne Covenant: An exposition and commentary. Minneapolis: World Wide, 1975. p. 25.
6 Pacto de Lausanne. Disponível em <https://www.lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/pacto-de-lausanne-pt-br/pacto-de-lausanne> Acesso em 11 de Jan. 2018.
2 Ibidem.
3 SNODGRASS, Klyne. Compreendendo todas as parábolas de Jesus. 1. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2010. p. 738.
4 TRENCH apud LOCKYER, Herbert. Todas as parábolas da Bíblia - Uma análise detalhada de todas as parábolas das Escrituras. São Paulo: Editora Vida, 2006. p.307.
5 STOTT, John. The Lausanne Covenant: An exposition and commentary. Minneapolis: World Wide, 1975. p. 25.
6 Pacto de Lausanne. Disponível em <https://www.lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/pacto-de-lausanne-pt-br/pacto-de-lausanne> Acesso em 11 de Jan. 2018.
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