quarta-feira, 29 de agosto de 2018

Lição 10 - 3º Trimestre 2018 - A Cura do Paralítico de Cafarnaum - Jovens.

Lição 10 - A Cura do Paralítico de Cafarnaum

3º Trimestre de 2018
Introdução
I-O Ministério de Jesus Cristo
II-Uma Grande Demonstração de Fé
III-Uma Restauração Completa
Conclusão
Professor(a), a lição deste domingo tem como objetivos:
Dissertar a respeito do ministério do Senhor Jesus Cristo tendo-o como modelo absoluto;
Valorizar a amizade sincera;
Categorizar a dupla restauração realizada por Jesus.
Palavras-chave: Milagre.

Para ajudá-lo(a) na sua reflexão, e na preparação do seu plano de aula, leia o subsídio de autoria do pastor César Moisés Carvalho:
A partir deste capítulo, a análise dos milagres dar-se-á de forma distinta das sete abordagens anteriores. A despeito de sua brevidade, apenas 16 capítulos e 678 versículos (na versão ARC), o referido Evangelho apresenta 17 milagres, ou seja, falando em termos percentuais, quase mais de um prodígio para cada capítulo. A importância bíblico-teológica do Evangelho de Marcos atualmente é algo indiscutível. Apesar de tal relevância já ter sido mencionada no capítulo dois, não é demais destacar que, além de ser o primeiro texto dessa natureza, ou seja, o primeiro dos demais, conforme lembra James Dunn, “Marcos [...] deu o passo lógico [...] de dar o título ‘Evangelho’ ao seu relato da missão de Jesus ― ‘Evangelho’ como um relato que culminou na morte e ressurreição de Jesus”1.  Na verdade, atribui-se a Marcos a criação de um gênero literário denominado evangelho, pois o material produzido por ele não se trata simplesmente de “uma biografia (bíos) de um grande homem, mas um Evangelho, o relato da missão de um homem em particular que tornou a salvação possível, um livro que é, ele próprio, um meio para chegar à salvação”.2  Evidentemente que, conforme observa o mesmo autor, é legítimo “considerar o Evangelho de Marcos como um desenvolvimento natural da fase oral”, pois é praticamente certo “que ele não foi escrito para a leitura privada de um indivíduo, mas para ser lido em voz alta diante de uma audiência”.3  E se por se viver em uma sociedade letrada há alguma desconfiança com as sociedades orais, ou cujas narrativas se baseavam na tradição oral, Dunn lembra ainda que, “antes de surgir a confiabilidade da imprensa, textos escritos geralmente eram tidos como menos confiáveis do que aquilo que a memória retinha por si mesma”.4  Portanto, o material que será base para o desenvolvimento da reflexão deste e dos próximos quatro capítulos, foi o primeiro a captar que a “mensagem sobre Jesus era boa-nova não só por causa do seu ensinamento nem porque ele foi um grande praticante de curas e milagres, mas porque sua morte e ressurreição trouxe perdão dos pecados e vida aos mortos”.5 
Não é toa que o texto marcano parece ser dividido com essa lógica, ou seja, “na primeira metade do Evangelho, predomina[...], em grande medida, os relatos sobre a missão muito efetiva de realização de curas e milagres por Jesus”, enquanto que apenas na “segunda metade que começamos a ouvir, e isto repetidamente, do sofrimento esperado de Jesus como o ponto alto no relato da paixão de Jesus”6.  A esse respeito, escreve o teólogo pentecostal, Jerry Camery-Hoggatt, dizendo que há duas seções principais neste Evangelho ― 1.2―8.30 e 8.22―15.39 ― e elas, como se pode ver pelo arranjo do capítulo oito, às vezes, se sobrepõe: “A primeira seção está dividida em sete subseções grandes, e a segunda em quatro”7.  Além disso, “regra geral, os capítulos 1 a 10 tendem a estar organizados por tema, ao passo que os capítulos 11 a 16 estão organizados por cronologia”.8  Na perspectiva do referido autor, o “livro começa com um cabeçalho curto (Mc 1.1) e termina com um epílogo curto (Mc 15.4―16.8)”.9  Assim, não há prejuízo algum do ponto de vista exegético, iniciar a análise dos milagres de Jesus, no Evangelho de Marcos, com o quarto deles (2.1-12). Não obstante, é preciso observar que, conforme disserta Camery-Hoggatt, o que se conhece como “história de milagre”, possui “elementos-padrão desta forma na antiga convenção literária”, posto que “os milagres relatados na literatura antiga ― judaica e cristã ―, [...] trazem semelhanças notáveis no formato”, e tal “padrão geral ocorre quase sempre na mesma sucessão e é encontrado ao longo das tradições, durante um extenso período de tempo e numa variedade de tipos de histórias de milagre”, sejam eles “curas, ressurreições, libertações de endemonhiados e milagres na natureza”.10  Apesar das semelhanças nas narrativas de milagres na literatura antiga, judaica e cristã, é preciso ressaltar igualmente as diferenças, pois enquanto a “tradição rabínica não sente nenhuma dificuldade em referir um milagre feito por um carismático em seu próprio benefício”, de acordo com Hugues Cousin, “a tradição evangélica, ao contrário, não contém nenhum milagre feito por Jesus em seu benefício pessoal”.11 
É apropriado que, dos elementos-padrão, o último tenha extraído um exemplo de aclamação da narrativa de milagre objeto do presente capítulo. O episódio, assim como o primeiro milagre deste Evangelho (1.21-28), se dá em Cafarnaum, cidade onde o Senhor se estabeleceu (2.1). Situada às margens do mar da Galileia, Cafarnanum tornou-se o local escolhido por Jesus para fixar residência após Ele deixar Nazaré (Mt 4.12,13; 9.1). Tal se deu, de acordo com o texto bíblico e como já foi comentado, para que se cumprisse o que fora predito pelo profeta Isaías (9.1,2 cf. Mt 4.14-16), isto é, que para um povo sem esperança, uma grande oportunidade chegara, pois desde que João Batista fora preso, “veio Jesus para a Galileia, pregando o evangelho do Reino de Deus e dizendo: O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no evangelho” (Mc 1.14,15). Uma peculiaridade da “narração deste milagre” é que ela é “composta como um ‘sanduíche’”, ou seja, “a cura do paralítico está entrelaçada a uma controvérsia sobre a autoridade de Jesus para perdoar” e, com essa reação por uma parte da audiência ― os escribas ―, “o foco do relato é desviado da pessoa miraculada para a autoridade de Jesus”.12  Na verdade, esta é a primeira de uma série de cinco controvérsias que vão desde o presente episódio estendendo-se até o capítulo três e versículo seis. Contudo, o milagre em si, constitui uma narrativa cujo sentido, como já foi reiteradas vezes dito, extrapola o acontecimento em si. Assim, no caso deste, uma vez mais tal “sentido se encontra especialmente em palavras de Jesus” e, como explica o já citado Cousin, primeiramente, “o milagre é um convite premente à conversão” e, em “segundo lugar, o milagre é o sinal eficaz da vitória de Deus sobre Satã e da vinda de seu Reino”.13  Em relação ao milagre do paralítico de Cafarnaum, a abordagem de Jesus se dá por conta de que, “para as pessoas da Bíblia”, diz Klaus Berger, o “pecado e a culpa, a transgressão e o peso de consciência formam um emaranhado indestrinchável”.14                                                                             
*Adquira o livro do trimestre de autoria de CARVALHO, César Moisés. Milagres de Jesus: A Fé Realizando o Impossível. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018.
Que Deus o(a) abençoe.
Telma Bueno
Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens 

1 DUNN, J. D. G. Jesus, Paulo e os Evangelhos, p.79.
2 Ibid., p.82.
3 Ibidem. Acerca desse aspecto, o teólogo pentecostal Jerry Camery-Hoggatt, diz que ao adotar um método de interpretação chamado de crítica da resposta do leitor, “descobrimos que Marcos é mais igual a um sermão narrativo do que a uma coletânea de detalhes históricos. É um tipo de pregação, e, comotoda pregação, tem uma relação complexa com o contexto: Primeiramente o pregador tenta ouvir o texto em seu contexto original, para depois destinar esse mesmo texto a um contexto novo e diferente, um no qual as verdadeiras questões da vida possam ser profundamente diferentes das questões para as quais o texto foi preparado” (Marcos In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal, p.161-62). Ele, inclusive, observa acerca do versículo de abertura do referido Evangelho, que se supunha “que neste ponto, o ‘leitor’, que lia o texto em voz alta para a igreja, faria uma pausa antes de se entregar à leitura do restante da narrativa” (Ibid., p.175).
4 Ibid., p.68.
5  Ibid., p.84-85.
6  Ibid., p.86.
7  CAMERY-HOGGATT, J. Marcos In ARRINGTON, French L.; STRONSTAD, Roger (Eds.). Comentário Bíblico Pentecostal, p.172.
8 Ibid., p.172-73.
9 Ibid., p.173. O leitor menos familiarizado pode “estranhar” o fato de o esboço terminar no versículo 8 do capítulo 16. O chamado “Fim mais longo” do Evangelho de Marcos (16.9-20) será abordado no capítulo 14 ― Deus continua realizando milagres ―, visto que este é o texto bíblico em que se fundamenta a 14ª lição da revista homônima deste livro.
10 Ibid., p.186. Para uma ampla discussão acerca das “narrativas de milagres” como gênero literário, o leitor poderá consultar BERGER, Klaus. As Formas Literárias do Novo Testamento. 1.ed. São Paulo: Loyola, 1998, p.276-287.
11 COUSIN, H. Narração de milagres em ambientes judeu e pagão, p.87.
12  Evangelhos e Atos dos Apóstolos, p.79.
13  COUSIN, H. Narração de milagres em ambientes judeu e pagão, p.88,89.
14  BERGER, K. É possível acreditar em milagres?, p.17.

Prezado professor, aqui você pode contar com mais um recurso no preparo de suas Lições Bíblicas de Jovens. Nossos subsídios estarão à disposição toda semana. Porém, é importante ressaltar que os subsídios são mais um recurso para ajudá-lo na sua tarefa de ensinar a Palavra de Deus. Eles não vão esgotar todo o assunto e não é uma nova lição (uma lição extra). Você não pode substituir o seu estudo pessoal e o seu plano de aula, pois o nosso objetivo é fazer um resumo das lições. Sabemos que ensinar não é uma tarefa fácil, pois exige dedicação, estudo, planejamento e reflexão, por isso, estamos preparando esse material com o objetivo de ajudá-lo. 

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